UYRUMA

Uyruma é o nome indígena de uma ilha na foz do Amazonas que hoje conhecemos como Caviana, no estado do Pará. Este nome foi registrado em 1877 pelo naturalista viajante do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Domingos Ferreira Pena, em Chaves na Ilha de Marajó, ilha vizinha à Caviana, em entrevista com Anselmo José, reconhecido pelo naturalista como último representante vivo dos Aruans, povo indígena que habitava as ilhas daquela região, especialmente Caviana. A ilha Caviana é habitada hoje por comunidades ribeirinhas e fazendas de búfalos.

Foi realizada uma pesquisa nesta ilha, na qual, a partir de uma etnografia de uma de suas comunidades, pode se perceber as tramas complexas que tecem o passado no presente. Hoje a comunidade não se reconhece como indígena, mas Uyruma permanece lá, através dos conhecimentos de seus lugares, do manejo e conhecimento de suas plantas, dos gestos feitos nos ritmos de suas águas. A escolha deste nome para um Museu de História Indígena se deve à nossa vontade de fazer sentir o emaranhado de histórias de nosso passado indígena, ancestral, que tece, trama, compõe de maneiras tão diversas as nossas vivências, experiências do presente.

Uyruma é um Museu Digital que reúne histórias de homens e mulheres indígenas no Brasil, explorando suas conexões e inter-relações com lugares, territórios, plantas e objetos neste passado/presente. Esse projeto é resultado de uma rede interdisciplinar e colaborativa entre homens e mulheres indígenas e não indígenas, ribeirinhos, historiadores, arqueólogos e antropólogos cansados de um ouvir uma história que silencia, invisibiliza e sufoca narrativas do chão, narrativas de um passado profundo, que com suas mãos, corpos, cantos, danças, rezos, construíram este céu, estas matas, esta forma de ser e estar neste território que chamamos de Brasil.

Nosso principal objetivo é fazer ressoar as vozes dos povos indígenas brasileiros e sua história por tanto tempo silenciada, contribuindo para o fortalecimento de narrativas descolonizantes sobre o passado e o presente ameríndio.

Como museu, buscamos construir sentidos através de experiências visuais, sonoras, materiais, no entanto, aqui não temos coleções de coisas guardadas em gavetas e armários. Nossas coleções são vivas, estão presentes nos cotidianos de várias comunidades e lugares e ali permanecem. Buscaremos registrar e visibilizar artefatos, plantas, histórias, sons através de recursos digitais, visuais, sonoros, mantendo assim a rede de sentidos e afetos e compartilhando esta trama complicada e dinâmica no mundo vivido.

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